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Forte Ressurgimento da Baleia de Bossa no Atlântico Sul

O que hoje tomamos por garantindo, foi em tempos severamente ameaçado e continua atualmente a exigir forte proteção. Um exemplo desta situação, foi a exploração comercial de inúmeras espécies de baleias durante os séculos 19 e 20, estimando-se que só no hemisfério sul tenham sido capturadas mais de 2 milhões de baleias. Foi apenas na década de 1960 que houve uma proibição total à pesca de baleia, e se deu início à sua lenta recuperação. Entre as espécies exploradas, está a baleia de bossa (Megaptera novaeangliae), com tamanho em torno dos 15 metros de comprimento e 40 toneladas, quando adultas.



Baleia de bossa nas águas da Geórgia do Sul.

Esta espécie, como tantas outras de baleias, movimenta-se pelo oceano, entre os seus locais de reprodução e alimentação. As baleias de bossa, realizam grandes migrações anualmente, alimentando-se nas águas polares antárticas durante o verão austral.


Antes da exploração comercial, as Ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul, na parte Atlântica do Oceano Austral, eram um dos habitats mais importantes para esta baleia. Esta área é rica em camarão antártico (ou krill), a sua presa principal. Devido a esta riqueza, estas ilhas são também um importante local de pesca de krill. Devido ao estabelecimento de uma área marinha protegida nesta região, a pesca é condicionada por exemplo por zonas permanentemente fechadas à pesca.


Um estudo recente procurou perceber de que maneira as medidas de proteção do krill e da sua pesca establecidas nesta área protegida estão a proteger os locais de alimentação das baleias de bossa. Com o uso de marcadores por satélite colocados perto da barbatana dorsal das baleias de bossa entre 2003 e 2020, foi possível seguir os movimentos destas baleias, desde a costa do Brasil, local de reprodução, e as ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul, local de alimentação. Estes movimentos, foram depois analisados tento em conta a agregação de krill, e fatores ambientais (por exemplo, temperatura da água, concentração de ferro, profundidade, e mês).


Rota migratória da Baleia de Bossa entre a costa do Brasil e as ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul. Linha preta é o limite da área marinha protegida desta ilha.



Com estes dados foi possível analisar a existência ou ausência das baleias de bossa nos vários locais e os fatores que mais influenciaram a presença nestes locais. Nos primeiros meses aquando da sua chegada, as baleias estão mais concentradas num canal profundo da ilha Sandwich do Sul com cerca de 2000 metros, com grandes concentrações de ferro, que é indicativo de grande produtividade biológica, sendo a possível razão para a presença nesta zona. À medida que o verão avança as baleias movimentam-se para a plataforma da Ilha Geórgia, onde >90% das baleias marcadas estavam dentro dos limites da área marinha protegida, onde não ocorre pesca de krill durante estes meses. As baleias de bossa são cada vez mais frequentes nestas águas e parecem estar a recuperar aos níveis de pré-exploração, sendo excelentes notícias.


A gestão dos recursos no oceano austral ainda não inclui as várias espécies de baleia, ao contrário de pinguins, focas, e aves marinhas, espécies que se alimentam também de krill. No entanto, no futuro com mais informação, será possível caminhar nessa direção.



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Fonte:

Bamford, C. C. G., Jackson, J. A., Kennedy, A. K., Trathan, P. N., Staniland, I. J., Andriolo, A., & Zerbini, A. N. (2022). Humpback whale (Megaptera novaeangliae) distribution and movements in the vicinity of South Georgia and the South Sandwich Islands Marine Protected Area. Deep Sea Research Part II: Topical Studies in Oceanography, 198, 105074. https://doi.org/10.1016/j.dsr2.2022.105074



Autor: José Abreu



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